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segunda-feira, 18 de junho de 2012

A reeducação alimentar é sempre o primeiro passo nos tratamentos de triglicérides e colesterol altos, hipertensão e diabetes. E não por acaso: escolher bem o que você come é a chave para manter todos esses índices sob controle

É perfeitamente possível que uma pessoa ativa e que segue uma dieta saudável se depare, de repente, com resultados não tão positivos nos check-ups anuais: eles podem, sim, indicar que o sujeito está prestes a desenvolver problemas sérios em decorrência de níveis alterados de colesterol, triglicérides, glicemia ou mesmo de pressão arterial. Mas é bom saber que esse personagem fictício, na vida real, é uma exceção à regra. Ou seja: a maioria das pessoas que engrossa a grande lista de pacientes em tratamento para essas doenças, no mundo todo, tem lá a sua parcela de culpa no cartório. E, em geral, estão pagando o preço altíssimo de abusar dos alimentos ricos em gorduras, açúcares e sódio, no dia a dia.

"Descartados os problemas de alterações genéticas, podemos dizer que a dieta adotada tem influência decisiva na forma como essas taxas se apresentam. E, portanto, a reeducação alimentar deve ser a primeira abordagem terapêutica, nesses casos", afirma a nutricionista Ana Carolina Moron Gagliardi, doutora em Cardiologia pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo. Partindo desse princípio, a VivaSaúde consultou diversos especialistas e reuniu as regras de ouro para quem quer manter essas taxas sob controle sem uso de medicação, apenas investindo no controle rigoroso do que consome. E ainda montou, com a ajuda da nutricionista Andrezza Botelho, de São Paulo, um cardápio de sete dias, elaborado sob medida para cada caso. Tire proveito!

Triglicérides

O que é: trata-se da nossa maior fonte de energia. Os triglicérides agrupam três unidades de ácidos graxos, que são a menor unidade de gordura existente. "Para se formarem, os triglicérides não dependem apenas da ingestão de gorduras. Toda vez que comemos em excesso, o que sobra é transformado em triglicérides e armazenado no organismo", explica Ellen Paiva. Até aí, tudo bem, não fosse o fato de que ele tende a se depositar ao redor do fígado, prejudicando-o. Também diminuem os níveis de HDL, possuem ação oxidante e inflamatória e são até capazes de lesionar a parede interna dos vasos. Para passar bem longe desses riscos, mantenha os índices sempre abaixo de 150 mg/dL.

Como controlar: evitar todo o tipo de excesso à mesa vai ajudar, já que os triglicérides representam a principal ferramenta que o nosso organismo utiliza para armazenar gordura no tecido adiposo, na tentativa de abastecer nossas reservas de energia. Cortar gorduras ruins e substituílas pelas boas, como no caso do colesterol alto, também é fundamental.


5 alimentos que não podem faltar na sua dieta :
salmão, farinha de feijão-branco, limão, berinjela e nozes. 
Por que fazem bem: o salmão, fonte de ômega-3, reduz os níveis de triglicérides. Já a farinha de feijão contém uma proteína (faseolamina) capaz de diminuir a absorção dos triglicérides. O limão, cheio de polifenóis, facilita o metabolismo das gorduras, diminuindo a fabricação de triglicérides pelo fígado. A berinjela é adstringente e as nozes são anti-inflamatórias e antioxidantes.

O que cortar: excesso de massas, carnes gordas, doces, frituras, bebidas alcoólicas, vísceras, camarão, embutidos, cortes de aves com pele, leite integral e seus derivados. 
Por que fazem mal: "Os carboidratos provenientes das massas e dos doces têm a capacidade de diminuir a oxidação das gorduras, causando um aumento de sua concentração no sangue. Alimentos que apresentam um teor muito elevado de gorduras saturadas e trans também contribuem para levar os níveis de triglicérides às alturas", alerta o nutricionista Ricardo Zanuto, doutor em Fisiologia e Biofísica. As bebidas alcoólicas são tão perigosas quanto. "O etanol é precursor dos triglicérides", explica Ellen.


Colesterol

O que é: uma gordura que circula no sangue e integra todas as nossas células, tornando-as mais fluidas e permitindo a entrada e saída de substâncias. O colesterol é essencial para garantir a atividade do sistema nervoso e a síntese de hormônios. O grande problema é que, para se locomover, ele precisa de uma lipoproteína de baixa densidade, o LDL. É ele que circula pelos tecidos e que pode, quando em excesso, obstruir as artérias. "O LDL é precursor da aterosclerose e pode causar complicações cardiovasculares sérias", diz a nutricionista Ana Carolina Gagliardi. O ideal é que o nível de colesterol total fique abaixo de 200 mg/dL e que o LDL não ultrapasse 100 mg/dL.Como controlar: 
o principal objetivo da dieta é diminuir o LDL e aumentar o HDL (colesterol bom) no sangue. Estas últimas trazem de volta para o fígado todo o colesterol que está sobrando no corpo, corrigindo parte dos estragos feitos pelo LDL. O segredo, então, é aumentar o consumo de alimentos fontes de boas gorduras, as monoinsaturadas.
 

5 alimentos que não podem faltar na sua dieta: aveia, leite de soja, azeite de oliva extravirgem, feijão-de-corda integral e tomate. Por que fazem bem: a aveia possui alto teor de fibras solúveis, que diminuem a absorção de colesterol pelo organismo. Já a proteína de soja é rica em saponina, composto com ação comprovada na redução da absorção do colesterol no fígado, tanto quanto a vicilina do feijão-de-corda. O azeite é uma das melhores fontes de gordura monoinsaturada. E o tomate, por fim, contém licopeno, que atua como antioxidante, prevenindo e combatendo a formação de placas de gordura.
O que cortar: frituras, embutidos, cortes de aves com pele, leite integral, bolos prontos, bacon, carnes vermelhas em excesso, maionese e manteiga. Por que fazem mal: apresentam gorduras saturadas e trans, que aumentam a produção de colesterol pelo fígado e os níveis de LDL. "Essas gorduras são a parte mais saborosa dos alimentos e, infelizmente, não têm um substituto à altura. Porém, vale investir em trocas inteligentes para poupar a saúde. Assim, substitua o bacon do feijão pelo alho e pela cebola", indica a endocrinologista e nutróloga Ellen Simone Paiva, diretora do Centro Integrado de Terapia Nutricional (Citen).



Hipertensão
O que é: "O coração realiza o bombeamento de sangue para os vasos, encarregados, por sua vez, de distribuir esse fluido por todo o corpo. A pressão arterial é a tensão que o sangue exerce sobre as paredes dos vasos", esclarece Ricardo Zanuto. Em pessoas hipertensas, esta pressão é elevada e, se não for tratada a tempo, aumenta a prevalência de AVC em 40% e de infartos em 25%. "Em geral, para serem considerados ideais, os níveis de pressão máxima (sistólica) e mínima (diastólica) precisam estar abaixo de 140 e 90, respectivamente", explica o nefrologista Décio Mion, chefe da Unidade de Hipertensão do Hospital das Clínicas de São Paulo.Como controlar: 
o consumo excessivo de sal é um dos principais causadores de hipertensão. "Para o controle da doença, adotamos um padrão alimentar conhecido como DASH. Ele prevê restrição de todos os pratos ricos em sódio e consumo aumentado de vegetais, grãos integrais, carne de peixe e aves magras, azeite de oliva extravirgem e oleaginosas, que garantem um aporte adequado de magnésio, potássio, cálcio, proteínas e fibras", explica a nutricionista Renata Gonçalves, do Grupo de Nutrição Humana (Ganep).
 

5 alimentos que não podem faltar na sua dieta : aipo, brócolis, cebola, alho e abóbora. Por que fazem bem: o aipo é um excelente diurético, ajudando a evitar o acúmulo de substâncias tóxicas nocivas ao coração e ao sistema nervoso. Já o brócoli é rico em ácido fólico, fitoestrógenos, cálcio, magnésio e vitamina C, que auxiliam na regulação da pressão. A cebola, graças à quercetina, e o alho, que possui alicina, favorecem a circulação sanguínea. A abóbora é fonte de betacaroteno e antioxidantes, que também atuam no controle da pressão arterial.





O que cortar: excesso de sal, molho inglês, shoyu, ketchup, caldos de carne e legumes, alimentos industrializados com alto teor de sódio, embutidos, enlatados e bebidas alcoólicas.

Por que fazem mal: "O sal aumenta a retenção de líquidos no organismo, o que influencia diretamente a pressão, fazendo-a subir", diz Mion. Porém, tão importante quanto cortar o sal durante o preparo dos pratos, é evitar os alimentos prontos e os que são conservados à base de sal. "A ingestão de álcool por períodos prolongados também é associada à pressão alta, aumentando a probabilidade de sofrer de complicações cardiovasculares", adverte Maria Gandini, da RG Nutri Consultoria Nutricional.


Glicemia
O que é: a taxa indica a concentração de glicose (açúcar) no sangue e é considerada normal se estiver entre 60 e 99 mg/dL. Em linhas gerais, quem obtém muito açúcar da alimentação desenvolve resistência a um hormônio chamado insulina, produzido pelo pâncreas. E é justamente a insulina a responsável por empurrar a glicose para dentro das células para que seja usada, ali, como fonte de energia. Porém, quando esse processo não acontece como deveria, a glicose passa a se acumular no sangue e seu excesso é eliminado pelos rins, através da urina, antes que o organismo consiga utilizar a substância como um importante combustível para suas atividades. Por isso mesmo, o desequilíbrio nos níveis de glicose pode comprometer o funcionamento dos rins, além de acarretar outras consequências sérias, como problemas de visão e de coração, incluindo o infarto.

Como controlar: o ideal é que a dieta seja fracionada e balanceada. "Toda vez que nos alimentamos, a glicemia tende a disparar, desencadeando o aumento da secreção de insulina. Então, não convém fazer longos períodos de jejum e é altamente recomendável que se evite comer muito em cada refeição. Essa é uma saída eficiente para evitar crises de hiperglicemia, quando a glicemia aumenta de maneira súbita no sangue, elevando os níveis de insulina e causando mal-estar", explica Ricardo Zanuto.5 alimentos que não podem faltar na sua dieta: pêssego, feijão carioca, morango, maçã com casca e amendoim.
Por que fazem bem: o pêssego é fonte de minerais, carotenoides e os polifenóis, substâncias reconhecidas as suas funções no controle da glicemia. Já o feijão contém pectinas e gomas que diminuem a absorção do açúcar. O morango, além de antioxidante, é uma das frutas que possui os mais baixos teores de açúcar em sua composição. As fibras insolúveis, contidas na casca da maçã, melhoram o funcionamento intestinal, arrastando o excesso de glicose para fora. Por fim, o amendoim é cheio de proteínas e de gorduras monoinsaturadas, e não contribui para elevar o índice glicêmico.

O que cortar: embutidos, enlatados, carnes gordas e excesso de carboidratos simples, como refrigerantes e doces, massas feitas com farinha branca, arroz branco e bebida alcoólica. Por que fazem mal: "As massas e os doces são capazes de aumentar muito rapidamente a glicemia, favorecendo crises. Já o álcool pode conduzir a hipoglicemias severas, quando o excesso de insulina também acarreta mal-estar. Ambos os quadros favorecem o descontrole do diabetes", explica Marlene Merino Alvarez, da Sociedade Brasileira de Diabetes.