Conheça os alimentos que podem auxiliar no tratamento de doenças como a diabetes.
Sabará. Nome de um tipo de fruta e da cidade mineira que é a terra da jabuticaba
“Na época eu chupo jabuticaba o dia intero. É só passar de baixo do pé, tem que pegar uma meia dúzia. É irresistível”, contou o agricultor Antônio Ferreira.
“Meu avô cada filho que nascia plantava um pé de jabuticaba , com o nome do filho”, disse a dona de casa Matilde Barbosa Carli.
É uma fruta com sabor de infância. Quem nunca roubou jabuticaba no quintal do vizinho. Ou teve dor de barriga com os excessos. Um pé centenário como esse já foi cenário de muita molecagem. É sinônimo de saudade e saúde. E em Sabará também dá frutos na economia, para as novas gerações.
Quem planta jabuticabeira no quintal, colhe desconto no IPTU. Nos fundos de casa, dona Lurdes garante 25% de abatimento no imposto.
“Quantos pés a senhora tem?”, perguntou o repórter.
“Tenho 15 pés”, respondeu dona Lurdes.
Patrimônio da cidade as jabuticabeiras só podem ser derrubadas com autorização da prefeitura. E a fruta é matéria prima para a criatividade dos produtores artesanais.
Que tal geléia de jabuticaba com pimenta?
Que tal geléia de jabuticaba com pimenta?
Esse tesouro de Minas Gerais foi parar nos laboratórios da Universidade de Campinas. A casca da jabuticaba tipo Sabará foi transformada num pó e oferecida a dieta de ratos para avaliar as propriedades nutritivas.
“Resultou em uma diminuição de 50% do colesterol do sangue desses animais, uma redução de 10% da glicemia e a diminuição de 30% dos radicais livres do sangue desses animais”, afirmou o pesquisador da Unicamp Mário Maróstica.
“Resultou em uma diminuição de 50% do colesterol do sangue desses animais, uma redução de 10% da glicemia e a diminuição de 30% dos radicais livres do sangue desses animais”, afirmou o pesquisador da Unicamp Mário Maróstica.
A polpa é rica em açúcares, mas a casca tem compostos fenólicos, como as antocianinas que dão a cor escura à fruta.
“Os compostos fenólicos eles diminuem a absorção dos açúcares, e as fibras aceleram a velocidade do trato gastrointestinal, que diminui a probabilidade de você absorver os açúcares. Eles podem prevenir alguns tipos de doenças como diabetes , câncer sempre associado a um estilo de vida saudável”, completou o pesquisador.
A pesquisa foi publicada numa das mais importantes revistas cientificas americanas. A próxima etapa é avaliação no organismo do homem. Mas já é possível calcular uma receita.
“A quantidade para o ser humano de forma bem prática, de 10 a 15 jabuticabas inteiras, com a casca, por dia, que daria mais ou menos ao redor de 100 gramas”, disse Mário Maróstica.
Rica em cálcio, ferro e vitaminas B e C a jabuticaba faz bem para a pele, cabelos, circulação do sangue. E para os moradores de Sabará também ativa a memória.
Bonito é o cerrado brasileiro. Onde vive seu Clóvis, outro apaixonado pela natureza.
“Quando eu entro no cerrado eu não vejo o dia passar, eu não sinto fome. Porque toda época tem uma frutinha que você pode comer”, lembrou o empresário Clóvis José Almeida.
Neto de raizeiro, o filho do cerrado recebeu como herança o conhecimento
“O gravatá. a gente arrancava, assava ele pra problema de ulcera. tuberculosa”, contou o empresário
Nos frutos resistentes ao clima hostil do cerrado, está a mesa farta para as novas descobertas da ciência. Cagaita, mutamba, mamacadela. Nomes de frutos do Cerrado que muita gente nunca ouviu falar. Há pouco mais de 10 anos também eram desconhecidos da ciência. O poder funcional estava apenas na tradição popular. Agora os benefícios para saúde começam a ter o aval das pesquisas. As mais recentes comprovam as maravilhas da gabiroba e também do muricy.
Nos estudos da Unicamp feitos em parceira com a Universidade de Cornel nos Estados Unidos, o muricy se revelou um potente antiinflamatório.
"O grande potencial está na casca, a gente pode falar que o Cerrado brasileiro por ser pobre em chuva, explica essa proteção estar na casca”, afirmou a pesquisadora da Unicamp Luciana Malta.
Já a gabiroba mostrou um poder antioxidante dez vezes maior quando comparado com frutas consumidas nos estados unidos como amora e framboesa. A pesquisa ainda incluiu uma terceira fruta, mais difícil de ser encontrada, a guapeva.
“Nós encontramos o resveratrol, catequina e o acido ferrúlico. A presença desses compostos está relacionada com a diminuição da incidência de doenças crônico-degenerativas, como câncer, Mal de Parkinson , diabetes e doenças do coração. Eles seriam uma forma de prevenção e não de tratamento”, explicou Luciana Malta
Os extratos das frutas foram testados contra a multiplicação de células do câncer.
“As 3 apresentaram um início desse potencial anti-câncer. A fruta que mais se destacou nesse potencial anti-câncer foi a casca da fruta guapeva. Ela diminuiu principalmente a multiplicação das células do câncer de próstata e de mama”, disse a pesquisadora.
O Cerrado já foi para o palito na indústria de sorvete e pode trazer avanços na medicina. Sempre no rastro da sabedoria popular.
“Isso que a ciência está descobrindo agora eu já sabia. Isso é do tempo da minha infância”, disse Clóvis José de Almeida.
“Isso que a ciência está descobrindo agora eu já sabia. Isso é do tempo da minha infância”, disse Clóvis José de Almeida.
Quem sabe esteja aí a cura para a doença de Raíra. Aos 7 anos ela descobriu que tem diabetes. Precisa controlar o nível de açúcar no sangue.
“Ela tinha muita sede, não tinha disposição pra nada, só queria colo. A gente levou ela no hospital, e aí descobrirmos que era diabetes que ela tinha. Ela chega a tomar 4 a 5 vezes ao dia a insulina”, contou o agricultor Ricardo Dalbó.
O organismo da menina tem deficiência na produção de insulina, hormônio produzido pelo pâncreas que leva o açúcar dos alimentos para dentro das células.
Um estudo feito pela universidade de campinas revelou o melhor alimento para controlar o nível de açúcar no sangue: quiabo. Um vegetal completo com vitaminas, minerais, proteínas e principalmente fibras.
Nos laboratórios o fruto foi transformado num pó e incorporado na dieta para ratos diabéticos. Outro grupo comeu ração comum. Ao final de 30 dias o cardápio verde fez a diferença.
“Além da taxa de glicemia, ou seja a glicose no sangue ter diminuído bem nesses animais, também houve um efeito positivo na absorção do colesterol. Ou seja, o nível de colesterol foi menor nos animais alimentados com a dieta de quiabo justamente porque a fibra é muito importante na dieta”, afirmou a pesquisadora do ITAL Vera Sônia Nunes da Silva.
Com organismo parecido com o nosso, os ratos da dieta a base de quiabo comeram 30% menos e ficaram mais saciados com as fibras, indispensáveis para humanos diabéticos.
“Ele vai proporcionar um esvaziamento gástrico mais lento. A pessoa vai ficar mais tempo saciada, e quando chegar no intestino vai ser liberado mais rápido. E a fibra do quiabo vai diminuir a absorção de açúcar no sangue”, completou a pesquisadora.
As variedades para pesquisa foram colhidas no sítio do seu Percílio que conhece os segredos de uma boa safra.
“A gente costuma plantar ele no sábado. Porque a lua é mais fraca. Porque se plantar na minguante fica torto”, contou o agricultor Percílio Dalbó.
Mal sabia o seu Percílio que esse alimento seria tão importante para a saúde da própria neta. O que o avô da Raíra e muita gente não imagina é onde estão concentradas as fibras do quiabo. Justamente na parte que as pessoas costumam jogar fora. A baba.
A pesquisadora foi até a casa da família Dalbó, ensinar a avó de Raíra a preparar o quiabo sem perder as propriedades nutritivas.
“A maioria das pessoas pensa que a semente que dá a baba. Só que a baba está dentro da casca, a senhora quebra a casca, a senhora percebe a liberação da baba. Quanto mais você corta a casca do quiabo, mais libera essa baba. Então o ideal é o que: é cozinhar o quiabo intacto”, explicou a pesquisadora. “Deixa ferver de 3 a 5 minutos. Depois a senhora dá uma ducha de água fria imediatamente, para conservar as propriedades”, completou.
O azeite que reduz o mau colesterol é o tempero ideal. A família aprovou, mas na hora de experimentar, Raíra foi lisa como quiabo.
“É mais fácil fazer o quiabo do que convencer a Raíra a comer”, disse o repórter.