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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Fonte de energia ou doce veneno?

O açúcar é essencial para manter o organismo funcionando. Mas, dependendo da sua origem e composição, da quantidade diária ingerida e até do perfil de quem o consome, pode gerar conseqüências bem amargas para a saúde - desde cáries e enxaqueca até osteoporose, diabetes, obesidade, perda de memória e câncer


Na antigüidade, quando alguém desejava 'adoçar um pouco mais a vida', só podia recorrer ao sabor açucarado das frutas ou do mel (utilizado naquela época muito mais como remédio do que como adoçante ou ingrediente de guloseimas). Só a partir do século XV, os povos começariam a ter acesso ao melado extraído da cana- de-açúcar e às maravilhas que ele é capaz de proporcionar ao paladar. Mesmo assim, o privilégio de se lambuzar ainda era de poucos. Considerado um artigo de luxo na época do Brasil colonial, o açúcar mais parecido com o que conhecemos hoje, ficava restrito aos nobres. A popularização veio só mais tarde, com a evolução das técnicas de refinação que permitiram a extração apenas da sacarose da cana (no Brasil) ou da beterraba (na Europa) - deixando o produto mais claro e de fácil diluição e tornando possível a comercialização em escala industrial. Resultado: a civilização tornou-se uma consumidora voraz dessa especiaria.


Estima-se que, atualmente, nos Estados Unidos, a ingestão média anual de açúcar seja de 67 quilos (ou 185 gramas diárias) por pessoa. Em alguns países europeus, calcula- se que esse consumo varie entre 45 e 50 quilos. E por aqui, no país que é o maior exportador de açúcar do mundo, o índice chega a 35 quilos. "Mas há quem devore diariamente 300 gramas de açúcar. Um homem, sozinho, pode chegar a consumir até 10 quilos mensalmente", conta a nutróloga e endocrinologista Valéria Goulart, de São Paulo.

Um exagero, considerando os índices recomendados por duas agências da Organização das Nações Unidas, a Organização de Agricultura e Alimentos (FAO) e a Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo essas entidades, as doses diárias de açúcar não deveriam ultrapassar 10% do total de calorias consumidas no dia. "Cada colher de sopa de sacarose contém cerca de 80 calorias. Níveis razoáveis de consumo, portanto, significariam algo em torno de três ou quatro colheres de chá diárias", resume a médica Valéria.

É claro que esses números variam de acordo com a idade do consumidor, da quantidade calórica que ingere e da que ele gasta (com atividades físicas, por exemplo). Mas, no geral, as doses devem ser bem reduzidas. Crianças e idosos deveriam consumir no máximo 50 gramas de açúcar diariamente. Adolescentes, 75 gramas, enquanto que para os adultos esse valor-limite seria de 60 gramas para as mulheres e 70 para os homens.

Achou pouco? Pois os especialistas têm uma série de argumentos para chamar a atenção sobre o excesso de doçura na alimentação que atinge até mesmo essa geração saúde que há muito tempo já abandonou o açúcar refinado (aquele branco, de mesa), que restringe o consumo de doces no dia-a-dia e que não abre mão do adoçante dietético no café da manhã e nos sucos das refeições.


ATÉ O DIABÉTICO PODE COMER DOCE, MAS DEVE CONTRABALANÇAR A QUANTIDADE DIÁRIA INGERIDA DE CARBOIDRATOS: PARA SABOREAR UM PEDAÇO DE BOLO É PRECISO ABRIR MÃO DA BATATA NO ALMOÇO